A confirmação da tendência de desaceleração da inflação do consumo (PCE) nos Estados Unidos – hoje foi divulgado que o índice cheio teve queda de 0,1% em dezembro e que a taxa anualizada recuou para 2,6% – se soma à revisão para baixo do PIB do país no 3º trimestre anunciada ontem para reforça a leitura do “pouso suave” na economia e alimenta a esperança de que o início dos cortes de juros pelo Fed está cada vez mais próximo.
Como ponto de atenção, os economistas citaram apenas os preços dos serviços, que tiveram um ligeiro repique no mês.
Quando é analisado o núcleo da inflação, que exclui as variações de itens mais voláteis, como alimentos e energia, a taxa anualizada de 3,2% observada em novembro é mais baixa desde abril de 2021. NO mês, essa medida avançou apenas 0,1%.
Francisco Nobre, economista da XP, destaca que os dados vieram abaixo das previsões e que a taxa trimestral anualizada em com ajustes sazonais recuou novamente, de 2,33% em outubro para 2,16% em novembro, bem próximo da meta de 2% perseguida pelo Fed. Segundo ele, se a variação mensal do núcleo continuar nos níveis atuais (uma média em torno de 0,2%), esse indicador do PCE cairá para cerca de 2,3% em meados de 2024.
Outro destaque no mês foi que o índice de bens, que marcou o sétimo mês consecutivo abaixo da meta, o que significa que esses preços já não são mais uma preocupação.
No entanto, o índice de serviços apresentou um aumento de 0,25% na leitura mensal. A taxa anual diminuiu de 4,34% para 4,14%, mas a medida do trimestre anualizada aumentou na margem, de 3,40% para 3,83%.
“Os dados de hoje sugerem um processo contínuo de desinflação, com todas as principais categorias apresentando pressões reduzidas nas margens. Além disso, o crescimento do consumo parece estar desacelerando no quarto trimestre”, comenta Nobre na análise.
Ele afirma ainda que índice de preços dos serviços no PCE foi relativamente benigno, contando uma história diferente em comparação com a última impressão do indicador CPI, que acelerou consideravelmente na margem. “Esta impressão é uma notícia positiva para os mercados e para a perspectiva de flexibilização monetária”, diz.
Nobre reiterou a previsão de que o Fed começará a cortar as taxas até a terceira reunião de 2024, em maio, uma vez que, nessa altura, o núcleo da inflação provavelmente estará em torno de 2,6%. “Esperamos que o Fed reduza as taxas em 150 pontos base ao longo do próximo ano, encerrando 2024 com o limite superior da taxa dos Fed funds em 4,0%”, estima, lembrando que esse patamar ainda é restritivo.
Danilo Igliori, economista chefe da Nomad, comenta que a revisão para baixo do crescimento do PIB divulgada ontem – de 5,2% para 4,9% – aponta para um desempenho ainda excepcional da economia americana, mas que os indicadores mais recentes começam a evidenciar a esperada desaceleração da atividade, após um ano de política monetária restritiva.
Segundo ele, a continuidade do processo de desinflação nos EUA foi reforçada pelos números do PCE, que vieram abaixo das expectativas, registrando queda de 0,1% com relação ao mês anterior e 2,6% no acumulado em 12 meses – após 2,9% em outubro e 3,4% em setembro.
“Foi a primeira queda na leitura mensal desde 2020 e, em termos anuais, o índice se aproxima da meta de 2%. A medida menos volátil, que exclui preços de energia e alimentos, também desacelerou mais uma vez, apresentando variação de 3,2% no mês passado (frente a 3,4% em outubro e 3,6% em setembro), também abaixo das projeções dos analistas de mercado.”
Igliori diz que os números de novembro deverão ser celebrados e reforçarão as expectativas de que os juros poderão começar a cair nos EUA já no primeiro trimestre de 2024.
“Além da simbólica primeira queda nos preços desde 2020, temos uma consistente desaceleração do núcleo da inflação ao longo de todo o semestre. Em conjunto com os demais indicadores que mostram desaceleração da atividade econômica, os números de inflação divulgados hoje sinalizam de maneira forte de que em breve a política monetária poderá ser menos restritiva”, prevê.
No entanto, a avaliação da Azimuth Brasil Wealth Management, é que o resultado de hoje fortalece a posição do Federal Reserve de ter mantido inalterada a taxa básica de juros nos últimos meses. E, ao mesmo tempo, sugere algum grau de cautela quando se observa a lenta trajetória de desinflação dos serviços.
Na análise do Goldman Sachs, os preços básicos dos serviços, excluindo habitação, foram fracos, subindo apenas 0,12% na leitura mensal. O banco de investimentos também atentou para o fato que o relatório de rendimentos e despesas pessoais de novembro foram um pouco mais suaves do que as projeções.
As despesas e os rendimentos pessoais aumentaram 0,2% e 0,4%, respetivamente, enquanto a taxa de poupança subiu para 4,1%, ante os 4,0% revistos para cima em outubro.
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