Até ao momento, o facto político mais grave do caso da compra secreta de ações dos CTT ordenada pelo Governo é o secretismo que envolveu toda a operação. As regras de ética política, as regras do mercado de valores mobiliários e as regras de respeito pelos eleitores exigiriam um outro comportamento. E a recorrente falta de transparência demonstrada pelo Governo só adensa a suspeição.
Há coisas neste caso que não estão ainda explicadas e que não se podem varrer para debaixo de um tapete quando dá jeito ao primeiro-ministro ou ao homem que lhe quer suceder, Pedro Nuno Santos. Também foi assim com o caso da indemnização paga a Alexandra Reis na TAP.
Se um Governo acha normal e aceitável dar ordem para, secretamente, comprar ações em nome do “interesse público”; se pode mandar a Parpública esconder a estratégia de comprar até 13% (!) dos CTT, se pode mandar esconder as sucessivas operações de compra e ainda a informação relevante depois da compra ter sido feita, impõe-se uma ou outra perguntas.
Quantas mais operações destas não terão sido feitas? E em benefício de quem? Com que verdadeiros objetivos? A falta de transparência é um caminho escorregadio. Quem o percorre poucas vezes fica de pé.