O congresso do PS, que decorreu entre sexta-feira e domingo, serviu para unir os apoiantes de António Costa e Pedro Nuno Santos. Esta é, pelo menos, a opinião de Marques Mendes. Ainda assim, o comentador diz que o atual secretário-geral do PS pode ser prejudicado pela imagem que os portugueses têm sua no Governo.
“Justa ou injustamente, Pedro Nuno Santos deixou na governação uma imagem de impreparação e até de imaturidade. Foi o conflito com o primeiro-ministro sobre o novo aeroporto em que foi desautorizado e a seguir se auto-humilhou para se manter no Governo, foi o caso grave de Alexandra Reis, onde até teve de se demitir, foram as polémicas em torno da TAP, incluindo os três mil milhões de euros injetados na companhia”, adianta.
“Este é o seu maior problema, que o afasta dos eleitores moderados, habituados que estavam a votarem de olhos fechados em António Costa. E é o problema que o pode perseguir até 10 de março”, atirou.
O comentador da SIC assumiu que o congresso correu bem ao novo secretário-geral do PS. “Primeiro, fez a unidade do partido. O PS está unido, é uma mais-valia”, disse esta noite.
A prestação de Pedro Nuno Santos teve ainda avaliação positiva por parte do ex-presidente do PSD por este não se ter envolvido “na tonteria dos ataques a Marcelo e ao Ministério Público”, considerando estes dois erros dos socialistas ao longos dos três dias de congresso.
“Fez dois bons discursos. Sobretudo o último. É um discurso pela positiva. É um discurso estruturado para o país e com propostas concretas. Uns concordam e outros não. Mas, finalmente, há ideias e uma pré-agenda de Governo, da parte do novo líder do PS”, sustentou no espaço de comentário habitual.
“Claro que dirão que o PS esteve oito anos no Governo e não fez várias coisas que PNS agora promete. É normal. Um novo líder tem sempre ideias diferentes. Como dirão que o novo líder não se afirma com a ‘sombra’ de António Costa. Não concordo. Se o primeiro-ministro participar de forma pontual na campanha, até pode ser uma mais-valia para o PS, sem fazer sombra ao líder”, adiantou Marques Mendes.
No entanto, e numa análise geral de todo o congresso, Marques Mendes assume três partes distintas: união entre apoiantes de Costa e Pedro Nuno; ajustes de contas desnecessário com Marcelo; ajuste de contas com Ministério Público, que apelida de “o maior erro do congresso.
“PS queixa-se da Justiça, mas durante oito anos de governação nunca fez qualquer reforma da Justiça. Depois, porque a PGR, de quem o PS se queixa, foi escolhida pelo próprio Governo. Um erro de casting criado pelo Executivo”.
“O Ministério Público ‘resolveu’, e mal, envolver-se nesta campanha. O célebre parágrafo do comunicado da PGR nunca devia ter existido. A investigação ao primeiro-ministro tinha de ser feita, mas não tinha de ser divulgada. Uma anormalidade. Provavelmente, o PS não perderá um voto com isso. Mas ao ‘puxar’ pelo tema, desvia as atenções da sua mensagem política e complica a vida do seu novo líder. Enquanto as atenções estiverem centradas num processo judicial não estão centradas na agenda política. Outra anormalidade”, criticou.