Os Estados Unidos registraram a criação de 216 mil novos empregos, de acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira, 5, pelo Departamento do Trabalho. Os dados confirmam o mercado aquecido e uma atividade econômica razoavelmente resistente, à despeito dos fortes aumentos recentes nas taxas de juros do país. Com isso, a taxa de desemprego norte-americana ficou em 3,7% no mês, estável em relação a novembro.
Os números vieram bastante acima das expectativas, que, na média das projeções dos analistas, esperavam algo em torno de 175 mil novas vagas para o mês, além de uma leve aceleração na taxa de desemprego, para 3,8%. Também mostram um crescimento forte em relação aos meses anteriores, quando foram criados 173 mil novos empregos, em novembro, e, 105 mil, em outubro. Os números levam em consideração todas as vagas de trabalho fora do setor agrícola. Os sinais de economia resistente colaboraram para esfriar as expectativas em relação ao momento em que o Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, pode, finalmente, começar a baixar os juros que indexam os títulos do país, depois de um dos mais fortes ciclos de alta dos últimos anos em meio à maior crise inflacionário em décadas no país, durante a pandemia.
“A leitura dos dados veio com um tom um pouco mais duro, passando a mensagem de que talvez o ciclo de flexibilização monetária deve ficar para maio, em vez de março, que era o que estava sendo precificado antes pelo mercado”, disse o economista da XP Francisco Nobre. “A inflação vem aos poucos convergindo para a meta, mas a economia dos Estados Unidos continua bastante resiliente, o que significa que o Fed não precisa ter pressa para cortar os juros”, complementou.
Depois de subir a taxa de juros de 0%, no auge da pandemia, para a banda de 5,25% a 5,5%, entre 2022 e 2023, o Fed pausou as altas em suas últimas reuniões no ano passado. A expectativa, agora, é a respeito de quando ele pode começar a baixar os juros – decisão que depende do nível de preços, que já dá sinais de normalização, mas também do nível de aquecimento da economia e do consumo, que podem continuar pressionando a inflação e atrasar a sua queda.
Os juros altos nos EUA, que é considerado o maior e mais seguro mercado para investidores, tendem a atrair o capital para a renda fixa de lá e a drená-lo de países emergentes, como o Brasil, mais arriscados. A depender do ritmo, um atraso na queda dos juros do Fed pode também acabar obrigando o Banco Central brasileiro a ralentar o ritmo de redução da Selic, sob o risco de ver uma fuga de capitais e altas muito fortes do dólares caso erro na dose.
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