Os juros futuros terminaram a sessão em queda firme nos contratos de curto e médio prazos e as longas ficaram perto da estabilidade. Declarações consideradas “dovish” do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, retiraram pressão dos juros futuros durante a tarde, juntamente com a virada do petróleo para baixo e o movimento inicial de realização de lucros na curva, amparado no avanço dos retornos dos Treasuries, foi neutralizado.
Todas elas terminaram novembro em níveis bem abaixo do fechamento de outubro, refletindo, de modo geral, a descompressão das curvas nos EUA e fatores internos, como a manutenção da meta fiscal e melhora do cenário inflacionário.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 caiu de 10,414% para 10,320%, e a do DI para janeiro de 2026, de 10,03% para 9,98%, voltando a encerrar abaixo de dois dígitos pela primeira vez desde o fim de agosto. O DI para janeiro de 2027 terminou em 10,09%, estável, e a do DI para janeiro de 2029 passou de 10,50% para 10,53%.
As taxas estiveram em alta na primeira parte dos negócios, acompanhando trajetória dos yields americanos, que subiram mesmo com o índice de preços dos gastos com consumo (PCE, em inglês) levemente abaixo do esperado em outubro, tanto na leitura cheia, como no núcleo. “O principal dado da agenda hoje não justificou o comportamento da curva americana, então foi uma correção. Independentemente do PCE, o mercado ia mesmo fazer ajustes”, disse a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese.
À tarde, o avanço das taxas locais começou a perder força, inicialmente com a inversão da alta do petróleo, apesar da série de anúncios de corte na produção de vários países que, juntos, totalizam 2,2 milhões por dia. O barril do tipo Brent para fevereiro caiu 2,43%, voltando aos US$ 80.
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O recuo nas cotações da commodity reforça a percepção de que o governo poderá anunciar um ajuste em baixa nos preços da gasolina ainda este ano, o que pode acelerar o processo de desinflação em curso, considerado lento.
Na esteira do petróleo, as falas de Galípolo passaram a ditar a dinâmica das taxas.
Em evento do JPMorgan, o diretor citou que o BC tem tentado “não se emocionar muito” com dados, especialmente os de alta frequência e que, ao dar um ‘forward guidance’ na condução da política monetária, mencionando a preferência por manter o ritmo de queda de 0,50 ponto porcentual para a Selic “nas próximas reuniões” – no plural -, acabou levando a discussão no mercado mais para o orçamento total dos cortes do que para o ritmo de baixa.
Mas relatou que tem sentido no mercado, em conversas recentes, um sentimento de que haveria espaço para acelerar. Comentou ainda que o BC observa os dados para balizar as decisões, mas se mudarem, as suas próprias opiniões sobre a condução da política monetária também podem mudar. Vale destacar que o diretor é tido como o sucessor de Roberto Campos Neto no comando do BC, cujo mandato termina no fim de 2024.
“Embora o Copom esteja sinalizando que vai seguir com 0,50 ponto, as falas sugerem uma discussão incipiente para acelerar o ritmo. Se não for um ritmo mais acelerado, vai ser mais longo, pelo menos”, disse o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi.
No balanço do mês, as taxas longas cederam em torno de 100 pontos e as curtas, cerca de 80 pontos. A desinclinação expressiva tem elementos internos e externos. “Os dados de inflação global vieram mais baixos, consolidando a ideia de fim de aperto de juros e gerando alívio gigantesco nas curvas de longo prazo. E aqui ainda tivemos a decisão do governo por não mexer na meta fiscal e o Congresso aprovando a taxação do fundos de alta renda”, explicou Veronese, acrescentando ainda leitura mais benigna do quadro inflacionário.
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