A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) reiterou esta quarta-feira a necessidade de um “contrato social” suprapartidário que viabilize reformas estruturais em setores chave para o país e promova a competitividade da economia portuguesa.
Em comunicado, a CCP diz ter transmitido esta posição numa audiência que o presidente da confederação, João Vieira Lopes, teve na terça-feira como o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Na ocasião, Vieira Lopes entregou ao Chefe de Estado um estudo realizado por Augusto Mateus sobre a economia portuguesa e cujas conclusões a CCP considera “decisivas para o garante da competitividade das empresas nacionais e o seu crescimento, não apenas no mercado interno, mas também através de uma efetiva internacionalização”.
Intitulado “O Contributo do Comércio e Serviços para a Competitividade e a Internacionalização da Economia Portuguesa”, o estudo aborda, segundo a CCP, “de forma inovadora”, a análise da competitividade económica sob o prisma da criação de valor (utilização de fluxos líquidos) e não da quantidade (fluxos brutos).
“Comprovando que mais de dois terços da riqueza criada em Portugal advém dos serviços, o estudo revela ainda que este setor contribui mais para a criação de valor do que a soma da indústria, atividades primárias, construção e administração pública”, salienta.
Neste âmbito, a confederação diz ter reforçado junto do Presidente da República “que a tão desejada promoção da competitividade exige a viabilização de uma viragem na condução da política económica”.
“Para tal – defende – é preciso alterar os fatores chave de competitividade, proceder ao reequilíbrio entre a economia financeira e a economia real na formulação da nossa política económica e deixar de olhar para o crescimento sob a ótica da exportação e passar a fazê-lo na ótica da internacionalização, reduzindo o conteúdo importado das exportações e afetando prioritariamente os recursos às atividades de bens e serviços transacionáveis”.
A CCP destaca que várias das recomendações do estudo agora realizado – como o caminho a seguir para reposicionar Portugal nas cadeias de valor globais ou o alinhamento do nível efetivo de tributação dos lucros das empresas com a média europeia – “passam por reformas estruturais que necessitam de uma visão nacional que vá para além das divergências partidárias e dos ciclos eleitorais”.
“Foi isso que transmitimos ao senhor Presidente da República e que iremos também reforçar junto dos diferentes partidos políticos”, enfatiza o presidente da CPP, citado no comunicado.
Neste sentido, a confederação irá disponibilizar o estudo aos partidos políticos com representação parlamentar, de forma a, no contexto dos programas políticos para as eleições legislativas de 10 de março, “inspirar ‘agendas de ação’ ao nível da estratégia empresarial e das políticas públicas, macro e microeconómicas”.
Recorde-se que a CCP tem publicamente defendido a existência de um “contrato social” entre os principais partidos do arco de governação, para que, ancoradas na Concertação Social, sejam possíveis as reformas em setores chave para o país.