Os acionistas da EDP não procuram uma pessoa com perfil político para substituir João Talone no cargo de ‘chairman’ da EDP, apurou o Jornal Económico junto de fonte ligada ao processo.
Depois de o Conselho Geral e de Supervisão (CGS) da energética ter sido liderado por nomes como Eduardo Catroga (ministro das Finanças de Cavaco Silva) ou Luís Amado (ministro dos Negócios Estrangeiros de José Sócrates), os nomes com carga mais política ficam de fora de potenciais candidatos para liderar este órgão cuja missão é vigiar o desempenho da Conselho de Administração Executivo (CAE) liderado por Miguel Stilwell d’Andrade.
O ponto de viragem foi dado com João Talone que tem uma carreira feita como gestor e empresário: foi presidente-executivo da EDP entre 2003 e 2006, administrador do banco BCP entre 1991 e 2001, e fundou a Magnum Capital Partners ou a Hyperion, companhia de energias renováveis.
Mas na semana passada, a EDP comunicou ao mercado ter sido informada por João Talone da sua indisponibilidade para integrar o órgão de supervisão da EDP entre 2024 e 2026. “A EDP reconhece a excelência do contributo do Eng. João Talone no desempenho do importante papel enquanto Presidente do Conselho Geral e de Supervisão, para o cumprimento dos objetivos estratégicos da EDP”, segundo o comunicado.
Contactada pelo Jornal Económico, a EDP rejeitou fazer comentários.
Na segunda-feira, o “Porto Canal” noticiou que o nome do autarca da invicta era apontado para ser o próximo ‘chairman’ da EDP, mas fonte próxima de Rui Moreira garantiu que o autarca nunca foi convidado para o cargo, questionando a verdadeira razão para o nome estar a surgir nas notícias.
Além da saída de João Talone também vão sair outros dois membros independentes: María del Carmen Fernández Rozado e João Carvalho das Neves.
Os maiores acionistas da EDP são a China Three Gorges (21%, Oppidum Capital (7%) BlackRock (7%) e o Canada Pension Plan Investment Board com 6%.sa
Conforme escreveu o JE a 8 de janeiro, citando fontes do CGS, João Talone tinha proposta uma redução da dimensão do Conselho Geral alegando que esta diminuição iria ao encontro das melhores práticas de gestão, mas viu esta pretensão ser rejeitada pelos acionistas.
O objetivo era reduzir o número de membros do CGS de 16 para 14/13 membros. A China Three Gorges passaria a ter três ou quatro membros, e os espanhóis da Oppidum Capital, detida pela família asturiana Masaveu, passariam a ter um membro. João Talone deu aos acionistas até ao final de 2023 para ter uma resposta, mas esta nunca chegou. O gestor pretendia assim reforçar o número de independentes no CGS, mas sem sucesso.
A CTG conta atualmente com cinco representantes: Dingming Zhang; Shengliang Wu; Ignacio Herrero Ruiz; Hui Zhang; e Miguel Pereira Leite. Já a Oppidum conta com dois.