A conclusão é de um estudo da consultora Oliver Wyman em parceria com o Morgan Stanley, que analisou o impacto da Inteligência Artificial no desempenho das equipas de vendas e de consultoria das empresas de gestão de património e ativos.
“Num cenário de incerteza com o aumento das tensões geopolíticas e riscos económicos, os especialistas da indústria de gestão de ativos e patrimónios da consultora estratégica Oliver Wyman e do banco norte-americano Morgan Stanley preveem potenciais aumentos de produtividade na ordem dos 30% a 40%”, lê-se no relatório.
De acordo com o estudo, e assumindo o cenário mais plausível de todos, “se a indústria conseguir aproveitar as oportunidades decorrentes da IA generativa, irá gerar ganhos de eficiência para as organizações, maximizando o impacto na sua produtividade e gerindo o risco de implementação”.
Entre as principais conclusões, o relatório indica que a implementação da IA generativa pode gerar um potencial aumento de produtividade de 30% a 40% nos departamentos de vendas e de consultoria das organizações de gestão de patrimónios e ativos. Além disso, antecipam que a integração deste tipo de tecnologia na cadeia de valor melhore a produtividade dos gestores de ativos em 25% a 35%, permitindo uma chegada mais rápida ao mercado com produtos melhor adaptados às necessidades do mercado.
No estudo anual “The Generative AI Tipping Point”, ambas as empresas analisam a forma de implementar o poder revolucionário da IA generativa para tomar melhores decisões de investimento, envolver os clientes de forma mais eficaz e melhorar a produtividade em toda a cadeia de valor.
Embora a tecnologia subjacente à IA generativa já exista há vários anos, os especialistas da Oliver Wyman e da Morgan Stanley afirmam que nos encontramos agora num “ponto de inflexão” que favoreceu a utilização deste tipo de tecnologia por gestores de ativos e de património.
“Este facto parece ser impulsionado por três desenvolvimentos fundamentais: um maior grau de precisão; uma gama mais vasta de aplicações em todos os setores, funções e capacidades empresariais; e uma maior acessibilidade e facilidade de utilização das interfaces”, defendem as empresas autoras do estudo.
“A mudança contínua para o protecionismo, nacionalismo e multipolaridade exacerbou ainda mais os desafios macroeconómicos, dando início a uma ordem global caracterizada por bancos centrais mais rígidos, menor flexibilidade fiscal e maior instabilidade geopolítica que provavelmente afetará o crescimento global e a criação de riqueza”, afirmam os especialistas da Oliver Wyman.
Gestão de patrimónios enfrenta mercado mais hostil
O estudo da Oliver Wyman e do Morgan Stanley conclui ainda que “após uma longa tendência de subida, a indústria da gestão de patrimónios enfrenta agora um mercado mais difícil, com elementos estruturais que afetam tanto receitas como custos”.
As autoras da análise referem que o recente declínio das receitas foi impulsionado por quedas nos ativos e nos empréstimos, bem como por uma redução dos volumes de transações, uma vez que os clientes retiraram as suas atividades comerciais em comparação com os níveis alcançados durante a Covid-19. Este abrandamento, associado à subida da inflação, aumentou os obstáculos à obtenção de rentabilidade.
De acordo com a Oliver Wyman e o Morgan Stanley, a indústria da gestão de ativos e de patrimónios deverá continuar a ser uma dos mais rentáveis do setor dos serviços financeiros, gerando uma rentabilidade do capital próprio (RoE) relativamente atrativa.
“Prevê-se que a indústria da gestão de ativos e de patrimónios continue a ser um dos mais rentáveis do setor dos serviços financeiros, gerando uma rendibilidade dos capitais próprios (RoE) relativamente atraente”, lê-se no estudo.
No entanto, refere a mesma análise, “a combinação de um crescimento mais lento das receitas e de uma base de custos fixos persistente ameaça acelerar o desequilíbrio, sublinhando a fragilidade do modelo operacional do setor, em que cada próxima recessão do mercado será mais grave do que a anterior”.
Os especialistas esperam que o total de ativos geridos externamente cresçam, de forma moderada, até 7% entre 2022 e 2027, impulsionado pelos mercados privados.
De acordo com o estudo, o desinvestimento generalizado em 2022 fez com que os ativos globais geridos externamente (AuM) diminuíssem até 14 biliões de dólares, caindo de 118 biliões para 104 biliões de dólares após dois anos de crescimento constante. “No entanto, durante o primeiro semestre de 2023, o índice S&P 500 subiu quase 16% graças à recuperação da tecnologia de IA, que ajudou a elevar os ativos globais geridos externamente para mais perto do seu pico anterior”, avança a consultora.
No entanto, com o atual panorama macroeconómico, as perspectivas para a indústria da gestão de ativos apontam para um crescimento moderado no futuro. “Prevê-se, em particular, que os mercados privados sejam os principais motores do crescimento global dos ativos sob gestão, o que deverá ocorrer a um ritmo mais lento do que nos anos anteriores, passando de 19% no período de 2017 a 2022 para 13% entre 2022 e 2027”, defendem os autores do estudo.
Para além disso, prevê-se que o crescimento do património continue a ultrapassar o crescimento institucional, com 7,9% contra 5,5% institucional, representando mais de 60% dos ativos globais sob gestão de terceiros até 2027, conclui o estudo.
“Apesar da recuperação do mercado em 2023, a indústria de gestão de ativos e patrimónios continuará a enfrentar desafios a longo prazo a nível macroeconómico”, referem as autoras do estudo.
Benefícios da IA em quatro grandes linhas de negócio
Dado o atual ambiente macroeconómico e tendo em conta as mudanças revolucionárias que estão a ser introduzidas pela IA generativa, “a reestruturação dos modelos operacionais na indústria de gestão de ativos e patrimónios torna-se mais do que uma necessidade para garantir fortes vantagens competitivas e uma maior resiliência às mudanças disruptivas do mercado”, defende a análise.
Além disso, de acordo com o estudo, a implementação da IA generativa tem o potencial de aumentar a eficiência em todo o modelo operacional, libertando ainda mais recursos para investir em áreas de crescimento rentáveis.
Concretamente, prevê-se uma série de benefícios em quatro grandes linhas de negócio:
Nas vendas e no serviço ao cliente: A IA generativa pode melhorar a capacidade de gerar vendas e permitir uma melhor identificação e conversão de potenciais clientes. Pode proporcionar um potencial aumento de produtividade de 30% a 40% para os consultores.
No desenvolvimento de produtos: Pode acelerar tarefas de rotina, como a redação de relatórios e estudos de mercado, melhorar a produtividade dos gestores de ativos em 25-35% e permitir uma chegada mais rápida ao mercado com produtos melhor adaptados à procura do mercado.
No investimento e na investigação: Pode permitir que os gestores de carteiras realizem estudos de investimento e análises de risco, substituindo as tarefas de recolha de informações, resumo e limpeza de dados por atividades de geração de ideias de maior valor, o que resulta em ganhos de produtividade até 30%.
Em funções intermédias e de back-office: Melhora a eficiência das tarefas jurídicas, operacionais e de conformidade, bem como democratiza a capacidade de codificação, poupando 25% a 50% do tempo dos funcionários.